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ENTARDECER


No êxodo de certos sentires escrevo
É tão irreverente este boneco de papel
Olvidadas noites de temperado luar
Nestes tempos de dor e mel
Ninguém me encontrará como sombra tombada
Nos umbrais da fria solidão
Esta ardência, este fogo, esta benevolência
Este machado, uma cruz de cru barro
As minhas raízes, este tempo que amarro
Não me falem mais de mais coisa nenhuma
Ressoa o tempo em inexplicáveis desertos
Xailes negros, ardentes
Ardem mudas certas palavras
Tenho a alma ausente de presentes
Nas enseadas da ilha erguem-se estátuas
São de algas já mortas os seus cabelos
Sentir foi sempre a minha vida
Nunca parti sem chegada, sem dizer nada
Escorre o sal na melancolia das pedras
Trago sementes de boa nova nos olhos só quando amo
Minhas latejantes esperanças pintam quimeras
Um lume consumiu abaladas crenças
Quem se lembra dos primeiros anos do vento
Memórias na casa do silêncio
Vês agora a mudez das neblinas
Degraus que não sobem ou descem, nada
Pegadas de uma ave que não sei na areia molhada
Insanos sentimentos correm os dias, a razão
Um ninho incendiado, um animal triste, um pardal sem asas
Um espantalho com três vinténs no bolso
A terra em estertor varrendo a paixão
Procurei na macieira frutos mordidos
Senti o azedo, enganei o prazer
Não quero o querer, ver acontecer
Esqueci o nome dos ausentes
Numa casa vazia, tão perto agora
Entardecer…

my snapshots #56


desejos matinais #49


Paro e observo o teu corpo nu deliciosamente deitado a meu lado.. Percorro em longos momentos que sabem a tão pouco e se diluem na eternidade as linhas das tuas curvas que ocupam totalmente o meu desejo.. Sugo-te para mim num único gesto que te envolve no meu corpo e apodero-me da chama ardente do prazer que nutre dentro de ti.. Alimento-me de ti como de ar para viver e deixo a combustão exaustiva dar chama aos movimentos que invisto no teu corpo a cada vez que penetro bem fundo dentro de ti.. Domino a tua vontade e o teu querer reféns da intensidade lasciva que corre nas minhas veias.. Paro para saborear o néctar salgado que soltas em cumplicidade com o prazer que já há muito faz parte ti.. Cavalgo sem parar o teu sexo que me recebe escaldante e fluidamente húmido.. Sigo a intensidade dos teus gemidos e deixo-me perder enterrado por entre os espasmos e contrações do teu magnifico corpo de puta.. Desejo-te assim tal como te tenho..

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Ingénua ou orgulhosa já não sei, pensava que sabia tudo o que ele era capaz, tudo o que ele tinha para oferecer, todas as formas de sentir prazer, todas as formas de dar prazer. Mas agora, atrevo-me a dizer, atrevo-me a confessar que conheces o meu corpo melhor que eu. Conheces cada recanto de mim, cada curva, cada proeminência, cada reentrância, cada expressão, cada reacção. Conheces a dualidade causa-efeito. Sabes que se me tocares aqui ou ali, me vais ter perdida de contentamento, suspirante, trémula, investida em sentir as explosões que sabes provocar. Sabes, com a mestria do conhecimento de mim, qual o momento em que estou pronta para ti, qual o momento em que a minha respiração anuncia um orgasmo. Sabes, com a certeza do domínio que exerces sobre mim, que estou a desfrutar, que te procuro para te sentir entrar, escorregar para dentro de mim. Sabes, como se entrasses na minha cabeça, as palavras que me elevam ao máximo expoente da loucura, as palavras que me condenam a ser tua, as palavras que o meu corpo precisa de sentir esvoaçar por entre os lençóis para me fazer gemer de prazer. Sabes, imbuído da experiência dos amantes, testar os meus limites, levando-me a acreditar que os consigo ultrapassar, levando-me de mão dada na busca do prazer que é nosso. Sabes manobrar-me, monopolizar-me, fazer-me render, explorando-me e levando-me a explorar-me. Sabes-me. E sabes-me sempre bem.

(Ela) could have said it #15


Heart Beat

Receamos o vazio. Receamos a falta abrupta, o sofrimento por privação. Receamos aquele momento em que por força do destino, da fatalidade a que inexoravelmente nos entregamos, nos vejamos alheados do que  nos faz sentir plenos. Procuramos sinais de certeza que mais não são que incoerentes dúvidas, rogamos que, a ser verdade, o golpe seja desferido de uma só vez para que o sofrimento se possa confinar a um adormecer para a escuridão e não uma tortuosa viagem penando e agonizando. É uma questão de orgulho também. Por vezes estamos de olhos abertos e não vemos a verdade porque a preferimos embelezada, a preferimos consonante ao que idealizámos. E recostamos o ombro na almofada e sonhamos cor-de-rosa. Vemos o passado, mesmo o recente, pelos olhos de um apaixonado, envergando a lupa de um míope que só assim encontra o X que marca o local onde vai assinar o contrato do destino, onde vai repousar o lacre cuidadosamente queimado e deformado pelo sinete. Vemos o passado e sentimo-lo presente, desejamo-lo, enfim. Sentimos, como se estivesse mesmo ali, o corpo que se entrelaçou em nós, o bafo quente que sentimos na testa proferindo palavras doces enquanto encostamos a cabeça no seu peito. Sentimos, como se estivesse mesmo ali, o deslizar das mãos que nos percorreram as curvas, conhecedoras e aventureiras, o abraço tão apertado que se assemelha a uma verdadeira fusão de quereres. Sentimos, como se estivesse mesmo ali, o preencher do nosso corpo, o entrar e sair que nos surrupia a realidade, evocando o mais animalesco sucumbir, sorrindo face à entrega despudorada, à malícia do desejo. Sentimos, como se estivesse mesmo ali, a vontade de nos deixarmos levar pelo prazer, vendo espelhado nos olhos o rosto que nos hipnotiza e nos sorri agradado ao ver o nosso rosto de prazer, ao nos ver saciados. Recostamos o ombro na almofada e entregamo-nos às reminiscências do que foi e do que queremos seja amanhã de manhã ao acordar. Somos invadidos por suores frios, alucinações, apertos inesperados no peito, tremores descontrolados, respirações descompassadas. Entramos em ressaca.

my bondage snapshots #35


Hoje apetece-me #15


Hoje apetece-me tomar banho contigo.. Apetece-me chegar à porta da casa de banho e observar-te tal vouyer atrás da cortina transparente.. Apetece-me seguir as formas do teu corpo nu que se mexe suavemente ao entrar em contacto com os milhões de gotas de agua quente que teimam em cair sobre ele e o desenham ao deslizarem subtilmente nele num frenesim constante.. Apetece-me penetrar na cascata de água e segurar o teu corpo contra o meu saboreando a mistura do calor húmido do liquido em contraste com a temperatura escaldante da tua pele.. Apetece-me fundir-me em ti tal metal em rubro e deixar que os nossos movimentos cúmplices criem formas abstractas que espelham a nossa luxuria.. Apetece-me possuir-te enquanto de exploro minuciosamente e sorver a tua tesão enquanto te devoro sôfrego dos teus gemidos.. Apetece-me eternizar nos nossos corpos atentos o sabor lascivos que das nossas entranhas abruptamente flui sobre nós.. Hoje apetece-me possuir-te assim.. E a ti apetece-te??

Points of View #1

"A grande partida que nos pregam é que biologicamente nos tornamos íntimos antes de sabermos alguma coisa acerca da outra pessoa. No momento inicial compreendemos tudo: somos atraídos pela aparência um do outro, mas também intuímos a dimensão mais plena. E a atracção não tem de ser equivalente: ela é atraída por uma coisa, nós por outra. É o superficial, é a curiosidade, mas depois, zás!, é o carácter. É agradável que ela seja de Cuba, é agradável que a sua avó tenha sido isto e o seu avô aquilo, é agradável que eu toque piano e tenha um manuscrito de Kafka, mas tudo isso não passa de um desvio para chegarmos onde queremos. Faz parte do encantamento, suponho, mas é a parte que me faria sentir muito melhor se pudesse dispensá-la. O sexo é todo o encantamento necessário. Será que os homens,  uma vez excluído o sexo, continuariam a achar as mulheres assim tão encantadoras? Será que alguém, por ser de outro sexo, poderá achar o outro assim assim tão encantador se não fizer sexo com essa pessoa? Por quem mais nos sentimos encantados? Por ninguém.
Ela pensa: estou a dizer-lhe quem sou. Ele está interessado em quem sou. Isso é verdade, mas se estou curioso a respeito dela é porque quero fodê-la. Não preciso mostrar tanto interesse em Kafka e Velázquez. Enquanto travo esta conversa com ela estou a pensar: quanto tempo mais vou ter de suportar? Três horas? Quatro? Terei mesmo de ir até às oito horas? Vinte minutos a velar e já me pergunto: o que tem isto a ver com as suas mamas, e a sua pele, e o seu porte? A arte francesa de ser galanteador não tem interesse algum para mim. O ímpeto selvagem tem. Não, isto não é sedução. Isto é uma comédia. É a comédia de criar uma ligação que não chega a ser ligação-que não pode sequer competir com a ligação-criada sem artifício pela luxúria. Isto é um convencionalismo instantâneo, é oferecermo-nos de imediato alguma coisa em comum, é tentar transformar a luxúria em algo socialmente apropriado. No entanto, é a impropriedade radical que faz da luxúria a luxúria. Não, isto apenas traça o rumo, não em frente, mas para trás, para o impulso elementar. Não confundir o velar com o que está em causa. É claro que pode desenvolver-se qualquer outra coisa, mas essa qualquer coisa não tem nada que ver com comprar cortinas e edredões de penugem e tornarmo-nos membros da equipa evolutiva. O sistema evolutivo pode funcionar sem mim. Eu quero foder esta rapariga e, sem dúvida, terei de suportar alguma espécie de camuflagem, mas isso é um meio para alcançar um fim. Que parte disso é astúcia? Gostaria de pensar que é tudo."

Philip Roth in O animal Moribundo

State of the Mind #66

Há palavras-chave, lugares-comuns, às vezes clichés que usamos sistematicamente para descrever o que nos vai na mente quando sentimos no corpo o prazer de sermos devorados pelo corpo que ansiamos. Palavras vulgares por vezes, usadas até à exaustão, repetitivas. Corpo, prazer, desejo, tesão, excitação, gemido, pele, calor, paixão, entrega, beijo, quente, ardente, suave, doce, lânguido, escorrer, tomar, domar, oferecer, sucumbir, explodir, amar, toque, trincar, chupar, beber, saborear, deliciar, masturbar, penetrar, lamber, querer, desesperar. Mas, a verdade é que, por mais repetidas, por mais vulgares, por mais simples, por mais fugidias, elas transportam o significado do que sentimos como um arrepio que nos atinge ao passar de uma brisa. A conotação é tão carregada de significado que ao proferi-las, projectamos o momento e o sentimento. As palavras, as palavras propriamente ditas, são vazias de conteúdo. O significado somos nós que lho damos, das memórias que descrevemos, das sensações que imaginamos, dos momentos que desejamos, do prazer que almejamos. Há palavras que ditas pelos lábios certos, com a voz que reconhecemos ser a que nos envolve em luxúria e sussurradas ao ouvido no momento certo, são capazes de destronar o mais incauto dos espíritos. Palavras doces, palavras fortes. Mexem no fundo do nosso ser fazendo-o levitar e entregar-se sem receio. 

Words are the food for the soul. And the soul surrenders to the body's whims.

my snapshots #55


desejos matinais #48


Desejo sentir o sabor dos teus lábios carnudos.. Senti-los colados aos meus de uma forma hermética como que há séculos me parece não os sentir.. De rompante atirar-te contra a parede fria que nos envolve e abruptamente rasgar-te a roupa que te enclausura e deixar-te livre na tua total e magnifica nudez.. Apetece-me assim o teu corpo sublime.. Nu.. Como figura grega principal de um quadro em que objectos fálicos altivos te envolvem como ervas daninhas que despertam dos meus pensamentos.. Cravo as unhas no teu corpo e apodero-me dele fazendo de ti o livro onde deposito a tinta espessa com que escrevo e solto as palavras lascivas que me fluem pelos olhos ao sôfrego de ti observar-te pormenorizadamente.. Quero-te puta a gemer descontroladamente.. Quero-te fluidamente quente quando atinges o orgasmo de uma forma escaldante.. Quero-te sublime enquanto me sugas e retiras de mim todo o prazer carnal que nos invade e nos leva de volta aos nossos instintos mais animalescos e carnais.. Cravo as minhas unhas no teu corpo e envolvo-te no meu peito ao entrar e permanecer bem fundo dentro de ti..

Oh Sweet Idleness


my bondage snapshots #34


desejos matinais #47


Quero-te a escorrer ao meu toque intenso sobre a tua pele quente
Quero-te a escorrer quando a minha boca devorar o teu sexo que se abrirá a cada investida da minha língua
Quero-te a escorrer quando sugar sofregamente e com mestria o teu clitóris que sentirei a enrijecer na minha boca
Quero-te a escorrer quando entrar bem fundo dentro de ti numa estocada única e forte que totalmente te preenche
Quero-te a escorrer quando simplesmente te possuir e tornar-te uma vez mais totalmente minha..

Quero-te assim.. Exijo-to.. Apodero-me assim do teu prazer..

Full Throttle #17

Ela tinha uma missão: servi-lo incondicionalmente, tornar-se a amante perfeita, satisfazer todas as necessidades, saciar cada capricho, cada vontade, dar-lhe tudo para nada lhe faltar. Qual estudiosa autodidacta, testou os seus limites, entregando-se ao prazer de lhe dar prazer. Ambicionava à perfeição de o servir, de lhe disponibilizar o corpo para seu deleite, de o sentir pleno nos seus braços, de o sentir saciado com cada entrega. Gravava nos recantos da memória o rosto do seu prazer, a expressão do desejo, o sorriso do orgasmo e catalogava tudo separando as etiquetas por intensidade, quantidade, tesão, paixão, carinho. Tomava-lhe o pulso, guiando-se pelas sensações que ele lhe transmitia, estimulava-o visualmente, provocando a volúpia do seu olhar. E sempre que o sentia por perto, o seu corpo traía-a e o seu coração seguia-lhe as pisadas. Sentia-se impotente perante os sinais que a sua libido lhe enviava, resplandecentes, impossíveis de ignorar. A ideia de o poder tomar, de lhe sentir o toque, de o sentir preencher-lhe o corpo, de o sentir lamber-lhe as entranhas, de sentir os seus lábios abarcarem-na toda eram facas que lhe trespassavam a mente impedindo-a de manter a razão. E no auge da sua loucura, perpassava-lhe o corpo a vontade de o ter todo. Manobrá-lo intensamente, tirar-lhe as medidas que já conhecia de cor, inebriar-se do sabor inconfundível que a mantinha viciada e investida em lhe dar prazer. Tomava-o nas mãos e deliciava-se nele, perdendo-se no tempo, reconhecendo cada pormenor do membro que era seu e do qual não conseguiria jamais abdicar. Beijava-o delicadamente primeiro, lambendo toda a sua extensão, mordiscando aqui e ali. Torneava-o com a língua enquanto os lábios se apoderavam de cada centímetro de pele. Tomava-o inteiro depois, humedecendo-o, chupando-o sem parar. Detinha-se em pequenos segundos para de novo recomeçar, dando-lhe tempo de o saborear, de o sentir gozar cada gesto, cada carícia. Preparava-o para depois o sentir escorregar para dentro de si, inequívoco e carnal. Tinha uma missão, tentava convencer-se disso. Mas, concluía sempre, que de serva passava rapidamente a ser servida. Que aquela era uma entrega a dois, em que dando sem esperar nada em troca, acabava por receber tanto quanto de si havia oferecido, que o prazer que dava por vezes retornava em dobro. E satisfazia-se, satisfazendo. 

my snapshots #54


Hoje apetece-me #14


Hoje apetece-me raptar-te e fazer-te perder a noção de tempo e espaço.. Apetece-me vendar-te e transportar-te por ruas e caminhos sinuosos até que percas o norte.. Apetece-me levar-te para um destino que só eu sei.. Um destino meu.. Nosso.. Apetece-me descrever no tempo espirais de sensações que te envolvam os sentidos e te deixem sequiosa do prazer que sentes próximo.. Hoje apetece-me invadir-te a consciência e tornar-me seu proprietário.. Apetece-me decora-lá de pensamentos e desejos lascivos que se vêem descritos e gritantes à flor da tua pele agora escaldante.. Hoje apetece-me roubar-te o chão e ser o teu encaixe pleno.. Hoje apetece-me deslumbrar-te assim e possuir-te.. E a ti apetece-te??

My Musics Right Now #01



SMASHING PUMPKINS LYRICS
"Ava Adore"

It's you that I adore
You'll always be my whore
You'll be the mother to my child
And a child to my heart
We must never be apart
We must never be apart

Lovely girl you're the beauty in my world
Without you there aren't reasons left to find

And I'll pull your crooked teeth
You'll be perfect just like me
You'll be a lover in my bed
And a gun to my head
We must never be apart
We must never be apart

In you I see dirty
In you I count stars
In you I feel so pretty
In you I taste god
In you I feel so hungry
In you I crash cars
We must never be apart

Drinking mercury
To the mystery of all that you should ever seek to find
Lovely girl you're the murder in my world
Dressing coffins for the souls I've left behind
In time
We must never be apart

And you'll always be my whore
Cause you're the one that i adore
And I'll pull your crooked teeth
You'll be perfect just like me
In you I feel so dirty in you I crash cars
In you I feel so pretty in you I taste god
We must never be apart  

O Monstro Abre-se #04


Os meus defeitos são inúmeros.. alguns.. pronto.. muito poucos..
Mas tenho pelo menos um.. que é pensar que as pessoas são como eu.. que sentem como eu..
Sem duvida este é o meu maior defeito.. Porque em sequência ao que ele me fazer sentir eu realmente sinto uma mixórdia de sentimentos..
Ninguém é igual a mim.. Isso a vida já teve o seu tempo e momento de me fazer ver.. Mas mesmo assim eu tendo a pensar e a sentir que as pessoas serão iguais a demonstrar os sentimentos e atenções que têm por mim da mesma forma..
É um grande e verdadeiro erro eu sei.. Tenho plena consciência disso que mais não seja porque sinto isso cravado em mim..
Mas mesmo assim.. Eu amo.. Eu sinto.. Eu dou-me..
E agora criando aqui uma grande incongruência.. Uma dualidade de perspectivas.. Eu digo-me.. Eu digo.. Eu digo que não estou à espera que ninguém seja como eu sou.. Gosto das pessoas que me rodeiam pelo que elas próprias são.. Aprendo a conhece-las e aceito-as como elas são..
Mas porque raio então é que eu continuo a esperar delas coisas que eu lhes dou e não recebo em troca??
Não que eu ofereça algo para receber algo em troca.. Não.. Senão isso seria tipo uma troca de cromos e eu já não tenho idade nem paciência para isso.. Sinceramente acho que nunca tive..
Mas.. Mas mesmo assim.. Sinto falta de algumas coisas..
Mas pronto.. Isto sou só eu a pensar.. Isto sou só eu que tenho muito tempo livre entre mãos :)
Mas há pequenos momentos em que sinto falta.. Há pequemos momentos em que tenho saudades.. Há pequenos momentos em que preciso de colo.. Há alguns momentos em que sinto uma falta enorme de ter colo.. Há alturas em que sinto falta assim do nada de ser cuidado..

Raconte-Moi Une Histoire (L'autre)


"Se te dissesse que te quero, seguirias-me?". Guardo ainda o guardanapo escrito a esferográfica que ela me deu naquela manhã de sábado. Ela, a que me tem preenchido os sonhos, a que não tornei a ver. Ela, a leitora, que encontrei no café e que me prendeu com o olhar de encantamento de quem tinha passado a noite sem dormir. Eram evidentes, na sua face perfeita, as marcas ainda vivas de uma noite que se tinha seguido directamente ao dia anterior. Fiquei a pensar se teria tido um encontro fugaz. O seu amante tê-la-ia abandonado após um momento de paixão? Teria sido beijada e repudiado o pretendente? Senti-me excitado enquanto ela olhava para mim, imaginando diversas razões para estar ali à minha frente, perfeita, desejável e não me largando um minuto com os seus olhos negros e profundos. O calor que dela emanava, o desejo contido, fazia-me esquecer que estava semi-molhado da chuva fugidia da manhã. Fiquei a olhar longamente para as pernas bem delineadas e imaginei-as a em torno de mim, aprisionando-me, controlando-me. Decididamente, tinha que desviar a minha atenção para outro lado, antes que a minha excitação se tornasse tão reveladora que mais clientes pudessem notar. Fiquei a olhar para o café que tinha à minha frente desviando por instantes os meus olhos. Foi aí que ela se levantou e me deixou o guardanapo na mesa: "Se te dissesse que te quero, seguirias-me?".
Confesso, fiquei surpreso. Desejava-a desde que entrei e a notei. Mas não o esperava. Ela arrumou as coisas e eu decidi segui-la. A chuva tinha desaparecido momentaneamente. Olhei para o vestido dela e via apenas uma pequena linha da string nas ancas. A minha excitação, que não tinha diminuído, se possível, aumentou. Sentia o volume nas calças. O seu passo era apressado e destinado a conduzir-me a algum local que conhecia bem. Por um momento, passou-me pela cabeça a ideia de que poderia ter estado ali anteriormente. Imaginei-a com outro homem e apressei mais o passo. Naquele momento, tinha que ser minha. Estávamos num beco. Ela colocou-me um dedo nos lábios como para me impedir de falar. Ou para dar uma sugestão. Eu coloquei o dedo dela na minha boca e chupei-o longamente. Senti-a torcer-se. Os altos do bicos nos peitos denunciavam a sua excitação da mesma forma que o volume nas minhas calças. Ela virou-se de costas para mim, indicando claramente qual seria o próximo passo. Coloquei a mão por baixo da saia e percorri-lhe as coxas. A minha mão seguiu até à sua parte mais quente e húmida. Ela sussurrou-me ou imaginei que me sussurrou: “Quero-te. Quero-te agora dentro de mim.” Coloquei-lhe as mãos nas ancas, puxei-a ligeiramente para mim. Encostei o meu sexo à entrada da sua abertura quente e inchada de desejo. Comecei por entrar suavemente, ouvi-a suspirar, e trouxe-a para mais junto de de mim. A minha mão nos seus cabelos foi o sinal para juntar as suas ancas à minha pélvis. Num ápice, estava totalmente dentro dela. Ouvia apenas a sua respiração acelerada, ao ritmo da nossa dança. Coloquei-lhe a mão na boca, para abafar os sons modulados que estava a começar a emitir. Afinal, estávamos no beco e a qualquer altura podia aparecer alguém. Só esse pensamento fez-me começar a sentir que a partir daí, não podia voltar atrás. Alea jacta est. Os dados estavam lançados. Sussurrei-lhe ao ouvido, baixinho: “Quero sentir-te explodir de prazer em torno de mim.” O “Sim” dela não deixou margem de dúvida de que, também ela, tinha ultrapassado o ponto sem regresso. E enquanto as ondas me percorriam a partir da parte bem dentro dela, senti-a arquear-se, abafar o seu próprio som de prazer mordendo-me a mão e depois, num momento interminável, permanecermos juntos.
De olhos fechados, senti os lábios dela nos meus. Ainda a ouvi sussurrar “O paraíso viveu em ti, agora.”. Se o paraíso era como aquele momento, não quereria sair dele. Ainda com as palavras vivas, abri os olhos e ela tinha desaparecido. Dela tinha apenas a mensagem. Imaginei-a esgueirando-se do beco, ainda com os vestígios do nosso prazer, como eu também os tinha. Nessa noite não dormi. Nas seguintes, mal preguei olho. Não, não tinha ficado apaixonado. Obcecado, talvez fosse a expressão exacta. Voltei várias vezes ao local, mas inutilmente. Não a encontrei, não tinha forma de a voltar a ver. Até ontem. Ao ler um blog, o meu coração deu um salto. A frase lá estava, a mesma: "Se te dissesse que te quero, seguirias-me?". Reli a história, reli a frase. Percebi que ela também precisava exorcizar aqueles momentos. Que, na sua memória, aquele encontro continuava a ocorrer e que ela tinha tido que o escrever. Só nos conseguimos distanciar das histórias quando as escrevemos. Por isso, ela a tinha escrito. Por isso a escrevo.
PS: Esta noite, pela primeira vez, depois de ter escrito a história ontem, consegui dormir. Sonhei com ela sim, mas sem angústias, sem acordar a pensar nela, a desejar tê-la ao meu lado. Tive a certeza de que, onde quer que estivesse, também ela tinha ultrapassado aquele momento fugaz e único. Para ambos tinha finalmente chegado o momento da paz, a merecida paz que se segue ao supremo êxtase." 

J.

(Uma singela mas deliciosa e delicada homenagem, uma glosa ao texto de ontem. Obrigada J., fizeste-me sorrir.)


my bondage snapshots #33


desejos matinais #46


Pego em ti e revolteio o teu corpo no ar pousando-te de quatro sobre a cama posicionando-te assim de costas para mim.. Com as mãos abertas sinto o teu tronco e a tua pele quente que desliza sobre o movimento que descrevo em ti.. De braços assentes no tecido suave dos lençóis descreves uma escultural posição arqueando-te ao mesmo tempo que alargas a abertura das tuas pernas pedindo assim o nosso perfeito encaixe.. Seguro forazmente as tuas ancas e entro dentro de ti bem devagar sentindo-me deslizar perfeitamente dentro do teu sexo completamente húmido.. Totalmente encaixados deixo-me ficar por momentos imóvel bem fundo dentro de ti enquanto me delicio com o sabor dos teus gemidos e o intenso movimento das tuas contracções vaginais.. O desejo de te sentir é austero e deixo-me guiar pela tesão que já se apoderou de nós e aumento com que entro e saio bem fundo dentro de ti.. Sôfrego do teu corpo liberto gemidos bem altos que se fundem com os teus na perfeição.. Envolto no nosso odor perco a noção de tempo e de espaço enquanto viajo pelas intensas sensações que os nossos corpos partilham cúmplices.. Absorvo em mim o movimento que a tua anca pronuncia sobre o meu sexo com a mestria do prazer que quer alcançar.. Solto um grito e deixo-me cair sobre ti ao mesmo tempo que expludo brutalmente dentro de ti fazendo assim com que os nossos fluidos sem misturem num delicioso deleite que os nossos músculos acompanham.. Vencidos deixamos-nos ficar imóveis encaixados um no outro assentes no molde que os nossos corpos criam na roupa debaixo de nós..

Raconte-Moi une Histoire

Passava os olhos atentamente por cada palavra que compunha uma frase do livro que havia trazido para a rua acompanhando-a enquanto tomava um singelo café. Gostava de ler rodeada de gente como que enclausurando-se do barulho, do frenesim de pessoas que agitadamente se moviam em seu redor e conversavam sem cessar. Pelo canto do olho, quando sentiu a porta abrir-se para mais um cliente se vir abrigar da chuva que fustigava o dia escuro, viu uma figura que lhe despertou a atenção. Vestia roupa casual, roupa de fim-de-semana, típica de quem passa os dias aprisionado por um fato e gravata e desespera por se libertar do jugo do colarinho. Barba por fazer, telefone na mão enquanto observava e saboreava um café, pensativo. Por impulso, ao sentir-se observado, ripostou a investida inquisidora. Deparou-se com um olhar abusador de quem olha sem vergonha. Sorriu sem deixar de a fitar. Permaneceram, sem pressa, cada um embrenhado no seu escasso personal space, prolongando a sua estadia mais tempo que o habitual só para verem até onde aquele olhar e sorriso poderiam ir. Ela não havia pregado olho. Envergava ainda as roupas da noite anterior, em tons de preto como era hábito, um vestido justo colado ao corpo salientando-lhe as curvas que a natureza lhe havia feito questão de proporcionar, sapatos de tacão e maquilhagem já esbatida embora plenamente funcional. Decidiu colocar fim ao impasse. Pegou num guardanapo, retirou uma caneta da bolsa e escreveu apenas: "Se te dissesse que te quero, seguirias-me?". Arrumou as suas coisas sentindo nas suas costas um olhar desiludido pela sua partida inesperada mas não sem antes o surpreender, colocando o bilhete em cima da sua mesa. E sem lhe dar hipótese de responder, encaminhou-se lentamente para a saída.
Não hesitou. Apressou-se a pegar nos seus pertences, deixou uns trocos em cima da mesa e caminhou atrás dela, não queria correr o risco de a perder por entre os transeuntes que nestas alturas pareciam multiplicados por mil e se tornavam autênticos obstáculos, barreiras a ultrapassar. Virou à direita para o que parecia ser um beco. Era cedo na manhã por isso, por ali, sabia não se encontrar vivalma. Sentia-o atrás de si, calado, apressado, num passo cadenciado imitando o seu. Estacou ao chegar ao local que queria e ele parou atrás dela. Girou sobre os seus tacões, encarando-o. Ele mexeu levemente os lábios, inspirando o ar como que determinado a falar. Ela, incisiva, chegou perto dele, colocou-lhe um dedo na boca e disse apenas: "Shhhh...". Pegou-lhe o cabelo pela nuca, com mais força do que ele esperava, encostou-o contra si e beijou-o, um beijo sabor a café. O mote estava dado. Era ali e agora. Ele percebeu-o instantaneamente, pela intensidade do seu beijo, pelo trincar da sua língua e pela sua mão que já se encontrava a trilhar os caminhos da sua excitação. Para ele, aquele gesto constituiu a autorização tácita para ele desfrutar do corpo dela também. Percorreu-lhe as curvas que havia espreitado no café, deteve-se no peito, não muito volumoso mas firme e curvilíneo. Até que, ofegando desenfreadamente, possuída por um qualquer demónio interior, ela se encostou à parede, virando-lhe as costas e abrindo as pernas para lhe mostrar onde o queria. Ele não se fez rogado e num movimento único, colou o seu corpo ao dela e entrou de uma vez só. Gemeu de prazer ao sentir o calor do seu interior e a leveza com que deslizou para dentro dela. Primeiro devagar, bombeando apenas o suficiente para a sentir e se fazer sentir. Depois, aumentou a cadência das suas investidas, agarrou-lhe o cabelo na nuca, inclinado-a para si e penetrou-a até a sentir sucumbir de prazer. O risco de serem vistos, intensificava todas as sensações e ele não demorou, depois de a sentir saciada, a atingir um violento orgasmo. Ela, com o sentimento de dever cumprido, depositou-lhe um breve beijo ao de leve nos lábios e rodopiou dali para fora, deixando-o para trás, sem verdadeiramente saber o que o tinha atingido. O fósforo queimou rápido mas ardeu o suficiente para incendiar tudo à sua passagem. No dia seguinte e nos posteriores a esse, voltou ao local do acontecido na esperança de a voltar a ver, de lhe perguntar porquê, de a conhecer, de ouvir a sua voz. Esforços inglórios pois nunca mais a encontrou, nunca mais a viu. Resignou-se e concluiu que há experiências belas pela sua intensidade, pela sua simplicidade. Repetir, naquele caso, poderia muito bem desfigurar o imaginário criado. Sorriu sentado à mesa do café, mexeu o chá e deixou-se inebriar pelo aroma a frutos vermelhos. 

Inspirado pelo rapaz que há dias visitava o "Double Life" no seu telemóvel sentado à mesa do café a meu lado.

(Ela) could have said it #14

Porque há vontades que acordam connosco logo pela manhã e nos toldam o espírito de tal forma que a desconcentração é incontornável. Porque se sente, um palpitar involuntário e se sorri, incrédula, como é possível o nosso corpo manifestar-se assim face ao desejo. Porque se imagina um cenário em que a vontade é satisfeita e em vez de acalmar, se sente um verdadeiro desassossego. Porque hoje estou assim, com o fogo dentro!

OS CAPRICHOS DE UM DEUS


Perdi-me da saudade
Percorri apenas um caminho sem volta
Senti o chicote de um vento agreste
Acho que não conheço ninguém que preste

Acho que a vida é uma atafona enferrujada
Que sou uma pessoa mal-amada
Acho que sou uma figura mal encenada
Que tenho uma sina desencontrada

E plantei-me à esquina da vida
Cheguei-me ao passo do tempo
Mordi as rosas, rasguei-me em espinhos
Soltei as raízes ao pensamento

O céu ameaça desabar sobre esta ilha
Agua na água, manhã assombrada
Onde param os pássaros chatos do meu quintal?
Porque de mim só pensam mal?

Não interessa!
Não tenho pressa do ir para chegar
Ninguém parte sem rumo ou vela
Já não soletro o verbo amar

Olha a estupidez mascarada de senhora fina
Olha o palhaço de grosseiro traço
Olha este Arlequim dentro de mim
Olha esta roda sem fim de negro espaço

Não olhem para mim!
Já saí da esquina da vida
Já orei, ri e chorei
Já me feri da dor mais sentida

Levei estes dias a pintar de forma desenfreada
Pintei, bonecos, arcanos e pecados meus
Desfaleci mil vezes na beleza das cores
E deixei-me arrastar nos…Caprichos de um Deus…

desejos nocturnos #09


Desejo-te na tua plenitude de mulher.. Observo-te em todo o teu esplendor e guardo em mim os teus mais pequenos gestos e a forma como tu és simplesmente quem és.. Desejo-te e aceito-te como és sem te querer mudar e deixo-me invadir pela complexidade do teu ser.. Deixo-me levar consciente pela sedução complexa que tu provocas em mim simples ser deste mundo estranho.. Enamoro-me por ti ciente que o faço e ao mesmo tempo fecho os olhos e afundo-me nas aguas tempestuosas dos sentimentos que me atropelam ao abrir-me ao que simplesmente sinto por ti.. Desejo-te mulher e puta.. Resplandecente e frágil.. Quero-te actriz e poderosa.. Quero-te plena e sequiosa.. Aceito-te como te dás e te recebo.. Abraço-te para não me fugires e solto-te para voares e voltares a poisar em mim..

O Monstro Abre-se #03


Desde já explico que não me vejo como um ser superior, ou especialmente diferente de outro qualquer.. Apenas sou quem sou..
Não sou uma pessoa fácil, tenho plena consciência disso, mas ao mesmo tempo sou fácil de lidar e de levar..
Quanto ao eu me dar isso já é outra história.. Cada vez que me dou, e quando e a quem me dou, é no fundo um pedaço de mim, que por muitas vezes nem eu sei bem de onde vem, que esta a ser dado e/ou partilhado..
Como já antes escrevi, eu amo, sinto, envolvo-me, e quando isso aconteceu há uma parte de mim que nem eu sei muito bem de onde vem que aparece, vem à tona, e aparece um "Eu", que é capaz de tudo e se lembra e proporciona a alguém especial, as coisas mais fabulosas e mesmo a meu ver, mais magicas..
Não sou pessoa de "talvez" ou de "alguma coisa", quando entro num modo em que quero e sinto, o céu é o limite..
Ao mesmo tempo que isso acontece, há uma parte de mim, paralela à outra ( a tal puta da confusão), que se apresenta e me faz sentir muito bem.. Lá está.. O cuidar e gostar de alguém faz-me sentir bem porque é algo que faz parte de mim..
Misturando e baralhando.. Eu gosto de gostar.. E ao gostar dou tudo de mim..
Ultrapasso-me no que conhecia ser os meus "limites".. Dou-me incondicionalmente.. Valha o que isso valha..
Gosto de surpreender.. De criar cenários merecedores de um filme.. De inventar presentes saídos de uma história fantástica.. De dar e oferecer tudo o que eu quero para mim mas faz muito mais sentido dar do que possuir..
Quando gosto.. Gosto.. E isso faz-me sentir muito bem :)
É claro que há o reverso da moeda.. Há.. Mas isso não interessa nada :((

Reminiscence


Por norma somos seres egoístas. Resignamo-nos à condição de exclusividade e recolhemos do outro aquilo que precisamos e queremos para nós. Vivemos com intensidade os momentos a dois, recebemos do outro aquilo que nos completa, que nos incendeia, que nos faz trepar paredes e sorrir face à memória dos momentos passados entre lençóis amassados e camas desfeitas. Só que, o chamamento surge de forma intrínseca. Por vezes nem damos conta, apenas sentimos no interior um vazio, uma vontade que nos preenche o íntimo. A verdade é que, o sexo, acto mais primitivo, mais instintivo de que somos capazes, não se extingue com cada saciar. Cada saciar representa o nascimento da vontade de repetir, de variar, de sentir mais, de experimentar novas sensações. E deixar-se levar por esse ímpeto, é abrir a caixa de Pandora. Tudo se torna exacerbado, tudo se torna digno de vivenciar, de partilhar, de sentir, de se dar em pleno, para usar e abusar. Os gestos são solenes, a entrega é sublime, repleta de sensações físicas e visuais que nunca achámos serem capazes de nos excitar tanto. Sentimos na pele o toque desenfreado, a busca ininterrupta em nos darmos e darmos prazer, em querer saborear tudo. Cada aroma combinado, cada movimento repartido, cada sabor partilhado, atingem na nossa libido níveis de adrenalina capazes de rebentar com qualquer escala. E entregamo-nos ao prazer mútuo, duplo, triplo, quádruplo, com a certeza de que nos superámos, que partilhámos com o desprendimento de quem se sacia com o saciar alheio, de quem procura o prazer no prazer que oferece, altruista e egoisticamente.

Sexuality is fluid. Whether you’re gay, or you’re straight or you’re bisexual — you just go with the flow.

"
-  Shane McCutcheon, Episode 1.2
The L Word             

desejos nocturnos #08


O súbito palpitar do meu corpo que estremece com o teu toque intenso.. A sensação deliciosa que se apodera de mim quando os teus lábios sugam sequiosos os meus mamilos.. A dor aguda envolta em prazer que provocas quando cravas as tuas unhas na minha pele e a arranhas profundamente.. O sabor dos teus lábios colados aos meus enquanto as nossas línguas se entrelaçam numa danca lasciva.. Fecho os olhos consciente e deixo-me levar pelas memórias cravadas na minha pele de todos os nossos momentos acesos.. Como sempre.. De novo.. Neste preciso momento.. Apeteces-me!!

O Monstro Abre-se #02


Eu.. Eu sou a puta da confusão!!
E digo isto conscientemente.. Mais consciente eu do que quem me acompanha lado a lado e provavelmente tem uma ideia já feita de mim..
E sou porque dentro de mim existe algo como que uma personalidade bipolar ou ate mesmo quadripolar.. E agora explicar isto?? Bem..
Eu não odeio nem desejo mal a ninguém.. Não faço mal nem gosto de o ver fazer.. E se por um lado viajam na minha mente imagens dantescas e se criam cenários obscuros.. Por outro esses existem para meu "proveito" sem por em causa o bem estar de outros..
Acima de tudo eu amo.. Amo a minha mãe e amo os meus amigos que me rodeiam.. Amo-te a ti que me estas mais perto.. E amo sem dizer a palavra ou esperar que tu me a digas em troca.. Amo o mundo pelo sol que neste preciso momento me aquece a pele e faz o whisky fluir no meu sangue.. Amo os meus cães que se entregam e dão sem querer nada em troca além de um sinal de apreço.. Amo os detalhes do quotidiano que me rodeiam como o velho que esta sentado aqui a dois bancos de mim e ressona sonoramente ao mesmo tempo que a boca se movimenta levemente e vinca as rugas na sua cara que se falassem contariam milhões de histórias de vida..
E a puta da confusão pode residir por exemplo aí.. Na contradição de eu sentir e apreciar o obscuro e ao mesmo tempo vibrar com o cor de rosa do mundo..
Já diziam os "Clã" numa musica chamada acho eu "Problema de expressão".. Que se tudo isto fosse escrito em inglês faria muito mais sentido..
Na minha versão mais pessoal o que digo é que se eu falasse além de sentir.. Sem duvida poderia fazer muito mais sentido..
Mas não falo tanto, e em compensação escrevo.. Algum sentido também irá fazer..
Eu sou a puta da confusão.. Sou.. e gosto muito de o ser!!!

(Ela) tem Caprichos Matinais XCV

Instala-se devagarinho. É uma dormência que entorpece os membros tornando-os moles e desarticulados, é um doce refugiar no afago de um abraço. Os olhos trémulos, pestanejando solenemente como que pedindo licença para se manterem fechados, incomodados pela claridade. Aninham-se os corpos como que rogando sossego mas incandescendo de vontade suspeita. Encaixam, colando-se, deixando pouco espaço entre eles. Devagar, embora a mente queira permanecer inerte, o corpo pede desassossego num paulatino aumentar do querer. A preguiça, até agora impeditiva, leva-os a apenas se mexerem o suficiente para dar ao corpo o sustento que precisam pois não conseguem encostar-se um ao outro e não se terem. Acham física e temporalmente impossível não se amarem sempre que podem. E em gestos lânguidos e lentos, ondulam os corpos apenas o suficiente para sucumbirem no mais sensível e delicioso orgasmo. Ajeitam-se e enjeitam-se, roçam-se e enrolam-se, suspiram e gemem imbuídos de mimo, de doçura, de tímidos sorrisos. Permanecem unidos, mesmo após o suave espasmo, saboreando o abraço reconfortante, a respiração atribulada na nuca, o escorrer dos resquícios da explosão controlada que se ofereceram. Permanecem.

O Monstro Abre-se #01


Eu não sei viver meias coisas.. ou vivo tudo ou nada vivo..
Não sei viver meios amores.. ou amo ou não..
Nem meias paixões.. ou sinto ou não sinto..
Não sei viver meias amizades.. ou estou lá para os meus amigos ou não o são e mesmo assim estou..
Nem sei dar meias atenções.. ou me entrego por completo ou não entrego..
Não sei ser meio eu.. ou me vivo na minha total complexidade ou me sinto inerte..
Eu não sei viver sentimentos, emoções, sensações por pedaços.. Dou-me..
Eu não sei ficar distante quando gosto.. Preciso de cuidar..
Quem me tem.. Não me tem a meio.. Tem-me todo!!

Não quero eu com isto dizer que não sei viver momentos.. viver os 5 minutos que tenho disponiveis.. ou que apenas consigo apreciar quando as coisas têm uma magnitude brutal.. Não.. Não quer dizer nada disso.. Quer apenas dizer que eu quando vivo vivo.. Quando me entrego faço-o totalmente.. Quando dou algo de mim, dou todos os bocados complexos e diferentes que me constituem.. Quando sinto vivo intensamente esse sentir.. E quando preciso, preciso na mesma intensidade.. Dou tanto valor ao mais pequeno gesto quanto ao mais intenso sentimento.. Vivo tudo.. Tudo mesmo.. Mas quando o vivo, vivo intensamente e com toda a força e energia do meu ser.. Não sei ser doutra forma.. Não consigo!!

State of the Mind (65)

Viver é morrer um bocadinho todos os dias. É sentir o desfalecer de cada molécula do nosso corpo sempre que repousamos a cabeça na almofada. E sentirmo-nos sortudos sempre que, ao toque do despertador, reparamos que sobrevivemos a mais uma noite. Mais uma noite em que os sonhos se alicerçaram na nossa mente, nos fizeram viajar por entre cenários subconscientes, medos inconfessados, desejos reprimidos, vontades impraticáveis.
Viver é morrer um bocadinho todos os dias. É deixar que a objectividade do real se sobreponha à subjectividade do imaginário. É perder de vista o que nos faz planar e deixarmo-nos ficar agarrados a um chão sem graça, que já conhecemos de cor e cujos trilhos calcorreamos  com a precisão de um relógio.
Viver é morrer um bocadinho todos os dias. É sentir que se desgastam irreversivelmente as peças que nos compõem, que somos incompletos, precisando da alavanca que nos dá corda, que sabe como nos manobrar, que sabe quando nos dar vida, quando mais precisamos de nos levantar após uma queda, por mais pequena que seja.
Viver é morrer um bocadinho todos os dias. É sentir no corpo a falta que outro corpo nos faz. É andar erraticamente, sonhando acordado, sentindo à distância cada pedaço de uma pele que queremos se mantenha arrepiada por nós, é tocar o nosso corpo imaginando que são outras as mãos que nos envolvem no mais puro prazer, é procurar o prazer de todas as formas possíveis só para tentar igualar o prazer que nos é dado pela paixão que desesperamos por ter. 
Viver é morrer um bocadinho todos os dias. É perder as estribeiras, é perder a conexão à realidade entrando num mundo privado de deleite e desejo. É não olhar a convenções e preconceitos, é entregar-se com a ânsia de viver mais um pouco, de sentir mais um pouco, de esticar mais um pouco os fios do destino que nos estão designados.

Life and death, are so entangled, so close together, that we can't, as much as we try, separate it's essence. For one is another one's companion.

my snapshots #53


desejos matinais #45



Sugo sôfrego e bem devagar o teu corpo quente.. Retenho na minha memória gostaria o sabor intenso da tua pele suave.. Percorro pormenorizadamente a textura dos teus mamilos erectos que envolvo nos meus lábios cerrados.. Apodero-me do teu peito que ocupa totalmente a minha mão aberta que o aperta num gesto rude e lascivo.. Insinuo-me ao teu corpo cobrindo-o com o meu descrevendo em ti volteios de movimentos pesados que transcrevem o desejo que nutro por ti.. Mergulho a minha boca no teu sexo  e saboreio livremente todos os sucos de sabor intenso que fluem largamente de dentro de ti.. Saboreio-te assim..

Oh Sweet Idleness

Era só quando se encontrava presa e sob o peso do seu corpo que se achava feliz. O tempo que medeava entre o tempo que partilhavam, era oco, vazio, seco, estéril. Voltava à vida sempre que de alguma forma se via inundada de um qualquer resquício dele. Por vezes bastava um olhar, mesmo que perdido, mesmo que sem sentido ou sentimento. Ao menos sentia-o ali, ainda que só fisicamente, ainda que só de corpo. Exacerbava cada gesto. Na sua mente, qualquer demonstração de afecto, por mais vulgar ou pouco exclusivo, se assemelhava a algo de que não conseguiria abdicar. Sentia-se invadida pelo vício de o querer, pelo vício de o amar incondicional e altruisticamente. Sabia não o possuir, mesmo quando lhe possuía o corpo. Sabia que inevitavelmente, um dia, lhe fugiria. Tinha um prazo de validade, um momento designado sine die mas cuja aproximação temia mais que a morte pois saberia morrer no dia em que se visse privada do seu toque, do seu aroma único, do seu beijo, do seu sexo. Via-se de fora, olhava-se em retrospectiva. Outros passaram pela sua vida, outros ousaram tocá-la. Mas nenhum chegou tão longe. Nenhum conseguiu manter-se nela de uma forma tão soberba, tão avarenta, tão egoísta. Nenhum conseguiu chegar às suas entranhas, conhecendo-a de dentro para fora e querendo-a apesar disso. Por isso a sua entrega era assim, desprovida de travões, desprovida de qualquer sombra de racionalidade. Entregava-se-lhe toda, oferecendo o corpo junto com a alma. Entregava-se-lhe sem medo, saboreando cada pequeno prazer, cada gigante orgasmo que o seu corpo lhe proporcionava, descansando no seu abraço e pedindo mentalmente que o tempo lhe concedesse o tempo para o ter sempre. Tonta, sempre tão tonta, sucumbia, querendo-o só mais um bocadinho, desejando-o só para si, alimentando ilusões que tinha como certezas. 

Inspirado em Mario Vargas Llosa, Travessuras da Menina Má.

The Postman Always Rings Twice ...

E por falar em sexo .... à bruta....

my bondage snapshots #32


desejos matinais #44


Junto o meu corpo ao teu suavemente.. Tronco com tronco colo a minha pele a tua.. Criamos uma partilha sublime de odores enquanto os nossos poros respiram em conjunto.. Cúmplices descrevemos movimentos subtis criando formas abstractas no lençol que nos acolhe.. Na nossa cama como tela enquadramos os nossos corpos criando uma imagem dantesca.. As veias salientes quase rompem a nossa pele com o fluxo energético da luxuria que corre dentro de nós.. Cruel exaustam que nos afaga e aconchega na possa do clímax do nosso desejo

E já que hoje é o nosso dia ...

.... Vou ter contigo!

my snapshots #52


Hoje apetece-me #13


Hoje apetece-me vendar-te e sentar-te no carro a meu lado.. Abrir os vidros e o tecto e deixar o ar da noite envolver os nossos corpos.. Apetece-me acelerar e mandar-te despires-te.. Apetece-me ter-te assim ao meu lado.. Livre.. Solta.. Apetece-me pedir-te que te toques.. Apetece-me que te sintas como tu gostas assim sentada ao meu lado.. Apetece-me acelarar ao som dos teus gemidos.. Deixar que o ar frio invada o carro e corra pelo teu corpo descrevendo as tua formas ao mesmo tempo que o contraste da temperatura te aumenta o prazer.. Apetece-me curvar e usar o carro para projectar no teu corpo movimentos de desejo que te conduzem ao clímax.. Apetece-me observar-te e ouvir-te assim lasciva ao meu lado.. Vendada.. Livre.. Entregue ao teu prazer.. E a ti Apetece-te?

A penny for your thoughts



Descuido meu, ficou por responder uma pergunta da nossa sempre tão curiosa, doce e atrevida OM Nu(a)nce que desta vez até me fez corar! 

Gostarias de te fantasiar e seres filmada a fazer sexo e verem-se posteriormente?

Havendo intimidade, cumplicidade e confiança, há poucas coisas que, para mim, no sexo não são permitidas. Posso dizer que o termo "fantasiar" na minha experiência pessoal (ainda) se conjuga de forma restrita abarcando talvez uma lingerie mais ousada e não fantasias propriamente ditas. Quanto ao filmar, sim. Sem dúvida sim. Provoca-me imensa excitação, rever, à distância dos dias, momentos de grande entrega e ouvir, quase sentindo-me lá, as respirações, gemidos, ofegares e palavras ditas no calor do momento. Tenho tanto de voyeur quanto de narcisista.

Beijo d'(Ela) 


Branded

Há marcas que permanecem indeléveis, profundas, queimadas a ferro em brasa no corpo. Recordam-nos do que foi, do que fomos, do que fizemos, do que somos. São marcas invisíveis, transparecem apenas à luz dos momentos que fazemos questão de guardar no cofre inviolável da memória. E saboreamo-los com a certeza de os querer repetir ad eternum, naqueles precisos termos, naqueles precisos detalhes. Vislumbramos, aquele instante em que se cruzam olhares e se vê o desejo reflectido. Aquele instante em que invadidos por um querer incontornável e desesperante, sentimos o toque dos lábios que desejamos nos beije até à morte. Aquele instante em que manietados pelo conjuro da luxúria sentimos um corpo colar-se ao nosso e invadir-nos do seu calor. Aquele instante em que decidimos deixar-nos pairar na senda do acaso e simplesmente aproveitar o que temos à nossa frente. Aquele instante em que nos deixamos possuir, possuindo. Aquele momento em que encaixamos como peças de um puzzle perfeito e em que o prazer está em construí-lo e desmanchá-lo, desmanchando-nos em simultâneo. Há marcas que ficam, prazeres que se recordam, repetições que se querem, paixões que se revivem, amores que se condenam ao desejo, camas desfeitas e cheiros entranhados.

Já te disse que ....

gosto do teu ..... sabor!

Nem mais ..... #4


(Ela) could have said it #13



my bondage snapshots #31


desejos matinais #43


Vejo o teu corpo sobre um contra luz intenso de vermelho alaranjado.. As tonalidades suaves do lume que arde na lareira envolvem a imagem do teu sublime corpo nu exposto como tela em branco à minha frente.. Nele descrevo desenhos lascivos de momentos intensos passados a dois e desejos carnais trocados em conversas explicitas entre nós.. Desejo-te assim qual obra de arte que crio num momento mais intimo e visceral.. Apeteces-me tal projecção da luxuria que ordena o meu ser na demanda incessante do teu complexo prazer.. Desejo-te puta.. Quero-te rainha.. Dou-te tudo de mim e exijo-te a complexidade do teu ser.. Serei tão dono do teu corpo e dos teus desejos quanto tu submissa entregue ao prazer carnal e sublime que desejo despertar em ti.. Assim te quero minha puta.. Não no sentido frio e cruel do nome como te chamo.. Mas na envolvencia sublime do sentimento com que te desejo tratar e com a vontade visceral com que me apetece possuir-te..

State of the Mind (64)


Coexistem demasiadas coisas em mim. Tantas que me custa enumerá-las, tirá-las do sorteio aleatório que é o estado de espírito que me vai mover hoje, amanhã, no dia seguinte. Tenho demasiadas coisas em mim. Tantas que se misturam, cambaleiam numa dança torpe e enevoada de fluentes pensamentos. Passeiam-se no meu interior como que aferindo onde se podem alojar, onde podem fazer ninho. Deixo que me atravessem, que me lavem as entranhas sujando-as à sua passagem. Sinto um palpitar incómodo, uma pressão do lado esquerdo do peito, um nervosismo de emoções que não sei bem distinguir. Sinto-as penetrarem bem fundo dentro de mim como que enterrando-se, afunilando o espaço livre que consigo ainda ver de mim. Adormeço envolta no pressentimento do olhar que quero ver para logo acordar sobressaltada e ávida do corpo que quero me tome sem demoras. Deixo-me palmilhar pelo toque que reconheço como sendo o das mãos que amo, inebrio-me do cheiro que me consome na ausência, imploro o beijo apaixonado e incendiado pelo rubor do que nos une, aproximo-me da pele que me viciou a ponta dos dedos e da qual não quero nunca (mais) me afastar. Sinto-me a descomprimir e a permitir, aos poucos, que se soltem os demónios que guardava presos na garganta, agarrados, opressivos. Solto os demónios e solto-me na corrente sanguínea dos movimentos que os nossos corpos protagonizam, ágeis, treinados na arte de dar e ter prazer, na arte de inconscientemente, sermos de alguém mais do que somos de nós próprios. Sossego. Finalmente sossego. Aconchegada no corpo que me extravasa e me inquieta tanto quanto me pacifica e me acalma. Coexistem demasiadas coisas em mim. Coisas que me assaltam e me roubam a tranquilidade, a certeza. Contudo, ironicamente, todas se evolam e diluem quando me acho perdida em ti, quando me acho entregue ao prazer de ti.

Não te esqueças ..... do ... cubo de gelo.....


Abrir as pernas e sentir a tua língua, primeiro a tocar-me ao de leve. O chupar do clitóris, o afastar dos lábios com a língua, o enfiar da língua dentro de mim. E o cubo de gelo! O gelo! O quente do sexo misturado com o frio do gelo. O pedir mais, o sentirmos-nos cada vez mais quentes, o pedir para não parares. O intercalar com o gelo. No sítio certo. O implorar e o desejar por uma lambidela .... naquele lugar! O pressionar, o chupar, o sorver. O desejo a aumentar. O roçar no clitóris. O introduzir de um dedo, de dois dedos ... o não parar. O explorar. O explorar-me. Uns centímetros dentro, em cima ... aí ...mesmo aí. O delírio. O gemer.....O mover as ancas para te sentir mais. O alternar. Sempre o alternar! O puxar-te para mim. Puxar pelos teus cabelos. O apertar das pernas. O aumento da respiração. A contração do sexo.
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